01 março, 2020

Gruta Água da Fonte em Farol resgata a história de João Maria de Agostini

Diariamente visitantes e romeiros visitam a conhecida Gruta Água da Fonte, ou gruta  de São João Maria de Agostini, localizada em uma área rural no município de Farol. Segundo a história, João Maria de Agostini, surgiu entre os fins do século XIX e a primeira década do século XX, como uma espécie de andarilho. Não demorou para que várias lendas surgissem em torno dele e que permanecem na memória de moradores do interior até hoje. 

Em Farol, moradores mais antigos relatam histórias contadas pelos avós, de que o monge indicou o local no meio do mato onde iriam encontrar a Fonte com águas e barro milagrosos. A fonte foi encontrada tal qual como indicou.

Capela e Centro de Recebimento de Romeiros

Existia a crença de que em meio às tempestades, o monge permanecia sentado ao relento, mas que não se molhava, bem como nos lugares de determinadas cruzes. Conta-se também que podia estar em dois lugares diferentes, orando em sua gruta e ao lado de um doente que invocava por ele. Conta-se que podia ficar invisível.

Placa oficial no centro de apoio aos romeiros

Na Lapa, predisse castigos dos céus e um violento temporal sobre a cidade. Também teria passado no Rio Grande do Sul, em Lagoa Vermelha. Historiadores relatam que ele saiu escorraçado da igreja por conta de seu discurso agressivo, condenando, principalmente, a prática da escravidão e aprisionamento de crianças indígenas pelas elites locais.

CHEGADA
Após esse conflito, cruzou a província para reaparecer em Porto Alegre no início de 1852, mesmo tendo ordens expressas de nunca mais retornar ao Rio Grande do Sul. Estava em busca de um passaporte para o Paraguai. O governo concedeu o passaporte, mas avisou ao monge que ele tinha 30 dias para sair da província, caso contrário, seria novamente preso e deportado.



Informações em dois livros publicados apresentam o roteiro de João Maria de Agostini após deixar o Brasil em 1852. Depois de viver alguns meses na fronteira entre Paraguai, Argentina e Brasil, passou pelos pampas argentinos, foi para o Chile, Bolívia, chegando ao México em 1859, onde foi preso novamente. Foi mandado para Cuba, depois aos Estados Unidos, onde teria sido assassinado em abril de 1869, possivelmente por índios Apaches. O corpo estaria enterrado no cemitério católico da cidade de Mesilla, distante 80 quilômetros da fronteira com o México.

Ricardo Aciolly Calderari, homenageado pela prefeitura de Farol 

No mês de novembro de 2019, o agricultor Ricardo Aciolly Calderari, foi homenageado pela prefeitura de Farol durante inauguração do Centro de Recebimento de Romeiros, na Água da Fonte. 

CAPELA

Proprietário rural na comunidade, foi Calderari que, já há alguns anos, custeou a instalação de energia elétrica na capela, o que permite celebrações, inclusive à noite. Também foi responsável pelo plantio de grama e manutenção de quiosques. Ele recebeu uma placa das mãos da prefeita Angela Kraus. 

Local onde os romeiros coletam a água abençoada

Com a inauguração do Centro de Romeiros, todas as pessoas que vão a Água da Fonte terão o nome anotado em um livro, onde deverá constar também o motivo da visita. Calderari foi o primeiro a assinar o livro. Na época foi feita uma homenagem a Marildo Agulhó, que doou o terreno e a família reconstruiu a igreja em alvenaria, após um incêndio há alguns anos.

Livro de presença
Nascido da Lapa, Calderari já conhecia a história do monge João Maria, que também teria batizado uma fonte na sua cidade natal, famosa por receber romeiros. “Quando vim pra cá, nos anos 70, fiquei sabendo dessa fonte e tive o desejo de comprar uma propriedade onde o profeta passou”, explicou Calderari, que sempre teve o apoio da esposa Maria Joana Calderari, ao considerar o investimento que fez no local “uma obrigação de cristão”.



Segundo ele, quando adquiriu a propriedade via muitas pessoas chegarem de caminhão, em carroças e a pé em busca da água da fonte para tomar banho e levar para casa. Até mesmo o barro do local era passado em feridas. “Onde o monge abençoou a água acontecia muitas curas e vi aqui as mesmas curas que as pessoas testemunhavam lá na Lapa”, conta Calderari, ao lembrar que muitos fiéis deixaram ofertas na fonte, agradecidos pelas curas. 

Altar da Capela



Com o passar dos anos, a Água da Fonte se tornou um local de peregrinação e ponto de parada da Rota da Fé, incluído no roteiro de turismo religioso da região. Em 2012, na gestão da prefeita Dina Cardoso, foi realizado um trabalho de restauração do ponto turístico, que ajudou a manter a história e a tradição do local.


Gruta de São João Maria


Sanitários



















INFORMAÇÕES: Valdir Bonete/Tribuna do Interior FOTOS: José Marcelo Chagas/Cidade Destaque



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